O 10º Procurador de Justiça Criminal de Benedito Xavier de Souza Corbelino deu parecer contrário à prisão preventiva da empresária Ana Claudia de Souza Oliveira Flor, denunciada pelo crime de homicídio qualificado. A mulher é acusada de mandar matar o marido, o empresário Toni da Silva Flor, 38 anos, para ficar com a herança.
De acordo com o documento do dia 20 de outubro, o procurador afirmou que a liberdade de Ana Cláudia pode oferecer risco ao andamento das investigações já que ela chegou a fazer o pagamento para um agente público com o intuito de obter informações privilegiadas acerca dos passos dados pela autoridade policial.
"Lanço luz ainda ao relatório investigativo, já referido acima, sobre o fato da denunciada ter se certificado acerca da conduta do Delegado de Polícia Judiciaria Civil, sobre o mesmo não ser corruptível, deixando claro que se utiliza de meios escusos. Tais circunstâncias promovem vulnerabilidade à tramitação processual, pois coloca em evidência o periculum libertatis, ou seja, há riscos para a instrução processual caso a denunciada Ana Claudia seja colocada em liberdade.", diz trecho do documento.
"Intenso sofrimento"
No dia 14 de outubro, o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) Gilberto Giraldelli negou a revogação da empresária. No final de setembro, o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) já havia se manifestado contra a liberdade da empresária. De acordo com o documento, a defesa de Ana Cláudia requereu pela conversão da prisão preventiva para domiciliar. Ela alegou que a prisão deveria ser convertida porque as filhas dela estão sendo submetidas a "intenso sofrimento" por não estarem convivendo com a mãe.
Entretanto, o promotor de Justiça Samuel Frungilo ressaltou que a empresária é a única responsável pelo sofrimento das filhas. O promotor pontuou ainda que "nem o amor pelas próprias filhas foi capaz de impedi-la de praticar o odioso crime de homicídio."
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A trama
Consta na denúncia, que no dia 1º de agosto de 2020, em frente a uma academia, a vítima foi atingida por tiros de arma de fogo efetuados por Igor Espinosa, a mando de Ana Claudia. Para a concretização do crime, a esposa teria sido auxiliada por Wellington, Dieliton e Ediane.
De acordo com a investigação, Toni e Ana Claudia estavam casados há 15 anos, tendo inclusive três filhas. O casamento, no entanto, vinha se deteriorando, notadamente por conta de relacionamentos extraconjugais da acusada. Alguns dias antes de ser morto, Toni teria anunciado a intenção de se separar.
Durante a investigação, foi constatado que o crime foi encomendado mediante oferta de pagamento no valor R$ 60 mil, mas a esposa teria repassado somente R$ 20 mil. Verificou-se também que o executor gastou todo o dinheiro em festas no Rio de Janeiro. Consta nos autos, que os detalhes do crime foram discutidos em reunião virtual via WhatsApp.
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