"Grampos são apenas a ponta do iceberg. Tem que ser investigado", diz juíza

“Não temo ser grampeada. Se me grampearam não ouviram grandes coisas porque eu apenas falo bobagens no telefone e nada sério”. Essa foi à afirmação da juíza da Vara de Combate ao Crime Organizado, Selma Arruda, na manhã desta quinta-feira (25), durante o III Encontro Nacional Sobre Cooperação para Prevenção e Combate à Corrupção, realizado no Auditório da Escola Superior de Contas (TCE-MT).

Alan Cosme/Hipernoticias

 

A juíza foi questionada pela imprensa se ela poderia figurar numa possível lista de personalidades do Estado que seriam alvos de supostos grampos ilegais.

De acordo com Selma, ela assim como todos os integrantes do Judiciário e até mesmo a população, receberam a notícia com muita surpresa e impacto. Porém, alegou que o assunto é sério e precisa de uma investigação mais minuciosa para saber desde quando esses grampos foram instalados, quem são as pessoas envolvidas e quem são as vítimas.

“O que saiu pode ser apenas uma janela ou ponta do iceberg. Precisamos ir a fundo nesse assunto. Tem muita gente com medo de falar no telefone achando que está sendo grampeada”, abordou.

Ainda em entrevista, a magistrada alegou que ficou apreensival com os notícias nos últimos dias. “O Brasil inteiro estava parado porque causa dos escândalos. Não bastasse nacional agora regional. Precisamos retomar. O ano de 2017 ainda não começou. Nem começamos a trabalhar, vivemos correndo atrás de escândalos. E isso atrapalha o crescimento do Estado. Imagina se essas escutas ilegais existir e forem comprovadas que estão sendo conduzidos pela Polícia Civil, Ministério Público Estadual ou a própria Polícia Militar? Eu não temo ser grampeada só falo bobagens, mas é ilegal”, concluiu.

Alan Cosme/HiperNoticias

 Juíza Selma Arruda foi uma das palestrantes do evento na TCE-MT

Denúncia

A denúncia dos grampos ilegais foi oficializada à Procuradoria Geral da República (PRG) pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, em janeiro deste ano. Exatamente um ano e um mês após ter pedido demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Estado (Sesp).

Zaque alega que pediu exoneração do cargo após informar o governador do caso e ter exigido a exoneração do ex-secretário Paulo Taques, do ex-comandante geral da Policia Militar de Mato Grosso, coronel Zaqueu Barbosa e de outros policiais e o governador não ter aceitado.

Já Pedro Taques nega que tenha tido conhecimento dos fatos e determinou ao secretário de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, que investigue os fatos. Jarbas já solicitou o fim do termo de cooperação entre a Sesp e o Gaeco na utilização do sistema “guardião”, responsável pelas escutas telefônicas.

Taques também decidiu realizar uma representação contra Mauro Zaque na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e no Conselho Nacional dos Ministérios Públicos (CNMP), por denúncia caluniosa, prevaricação e fraude em documentos públicos.

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