O empresário Wesley Batista, diretor da JBS, relata em sua delação premiada que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) queria 30% de propina do valor da concessão do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) concedida à JBS, de R$ 70 milhões. Mas por fim eles o chefe do executivo e o empresário chegaram a um acordo de que o governo de MT 15% de propina por ano.
Durante três anos em que recebeu o incentivo, a empresa repassou cerca de R$ 30 milhões ao ex-governador e ao ex-secretário de Indústria e Comércio, Pedro Nadaf, responsável pela elaboração do esquema para recebimento da verba irregular.
A relação entre o empresário Wesley Batista e Silval Barbosa teve início ainda em 2010, quando Barbosa pediu doação para sua campanha eleitoral. Em contrapartida, se Silval fosse eleito, o frigorífico receberia vantagens em sua relação com Estado.
Batista aceitou fazer a doação considerando que a atuação da JBS no Estado é relevante, conforme contou aos procuradores de Justiça.
Ele explica que durante os anos de gestão Blairo Maggi, o pagamento de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) era fixa para todas as empresas. Porém quando Silval assumiu, esse sistema foi extinto e cada uma passou a pagar 3,5% do imposto. “Mas tinham algumas empresas que tinham o incentivo Prodeic que reduzia muito o valor de imposto a ser pago”, relatou.
Indignado com a variação do pagamento de tributos, Wesley foi até o gabinete do governador reclamar do valor que julgava injusto. “Do jeito que está agora vai ficar inviável. Tem empresas que vai pagar 0 ou 1% de ICMS e outras que irão pagar os 3,5% . Foi ai que começou a negociação para o Prodeic e o pagamento de propina”, ressaltou.
Conforme afirma o delator, foi ideia do ex-secretário Pedro Nadaf, oferecer o Prodeic à JBS. “Ele falou para a gente ver quanto que tínhamos pago nos oito anos anteriores que ele iria deixar esse valor como crédito para a JBS”, contou.
O delator revelou que, segundo seus cálculos, a JBS teria um crédito de R$ 70 milhões para receber. Sobre esse valor, Silval e Nadaf queriam uma propina de 30%, que foi baixado pela metade chegando ao valor de R$ 10 milhões.
“A gente não queria pagar essa propina. Porque não era benefício a gente só estava sendo igualado com as outras empresas. Mas chegamos a esse valor que dava cerca de R$ 10 milhões naquela oportunidade e trabalhamos de 2011 a 2013”, relata. O valor foi pago durante os três anos.
Os valores indevidos foram pagos em dinheiro, por meio de notas fiscais frias providenciadas por Nadaf e também por meio de doleiros com utilização de terceiros.
O depoimento de Wesley Batista foi colhido no dia 7 de abril e a delação homologada pelo ministro Edson Fachin no dia 11 de maio. A delação faz parte da Operação Lava Lava Jato e cita repasse de propina ao presidente Michel Temer (PMDB).
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