Alan Malouf seria peça chave para esquema de propina chegar ao governo Taques

O ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, revelou, em um dos seus depoimentos na Delegacia Fazendária, que o empresário Alan Malouf compartilharia cerca de R$ 100 mil oriundos de propinas de empresas que mantêm contratos com a gestão Pedro Taques (PSDB).

Alan Cosme/HiperNoticias

Ex-secretário Pedro Nadaf prestou depoimento em julho passado

"Que o interrogado [Pedro Nadaf] tinha promessa de recebimento de R$ 100 mil de Alan Malouf por tê-lo ajudado a receber propina de empresários para influir em atos praticados no governo atual", descreveu o ex-secretário em depoimento do dia 25 de julho passado aos delegados Alexandra Fachone e Marcio Moreno Vera.

No depoimento, Nadaf também se comprometeu em explicar melhor estes fatos em momento oportuno.

As declarações vieram à tona com a quarta fase da Operação Sodoma, desencadeada nesta segunda-feira, pela Delegacia Fazendária. Nesta ação, Alan Malouf teve um mandado de condução coercitiva para prestar esclarecimentos à Delegacia Fazendária. 

À imprensa, o empresário não quis fazer qualquer declaração.

Nadaf explicou que juntamente com o ex-secretário estadual de Planejanto, Arnaldo Alves, começaram a entregar a parte dos seus recursos obtidos no esquema de corrupção a Alan Malouf que iria aplicá-los com rendimento de até 1% ao mês. 

"Que assim o interrogado e Arnaldo foram conversar com Alan Malouf pessoalmente no meio de 2014 onde pediram para ele guardar os valores que tanto o interrogado quanto o Arnaldo iriam receber da propina dessa desapropiação,  sendo que Alan concordou em aplicar tais valores, restando combinado que ele pagaria ao interrogado e Arnaldo o valor de 1% ao mês, tendo Alan Malouf o conhecimento da origem ilicta dos valores", revelou o ex-secretário informando que teria repassado o total de R$ 1,5 milhão ao empresário.

O depoimento de Pedro Nadaf foi o necessário para a deflagração da quarta fase da operação, que resultou nas prisões do empresário Valdir Piran, o ex-secretário Arnaldo Alves e o procurador aposentado Chico Lima, além de várias conduções coercitivas e mandados de busca e apreensão.

Nadaf chegou a ser preso na primeira fase da Operação Sodoma em setembro de 2015, onde permaneceu preso por quase um ano, sendo solto no inicio deste mês.

No entanto, Nadaf ainda não assinou nenhum termo de delação premiada ou colaboração premiada. Segundo o advogado Alexandre Abreu, um dos defensores de Nadaf, a estratégia de defesa é a utilização da colaboração unilateral, quando o réu assume participação em crimes e se compromete a devolver os recursos que foram desviados.

"Não existe nenhuma delação ou colaboração premiada. A nossa estratégia é a colaboração unilateral. O nosso cliente está confessando a sua participação nos atos ilicitos que cometeu. Apenas isso. Nos casos em que ele não teve participação, faremos a defesa e pediremos a sua absolvição", explicou o advogado.

Alan Malouf teve o pedido de prisão negado pela juíza Selma Arruda.

Outro lado

Procurado, o governo do Estado disse que não irá se pronunciar a respeito do depoimento do ex-secretário Pedro Nadaf.

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