O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) publicou duas portarias de abertura de inquérito civil para investigar possíveis irregularidades cometidas no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá. Entre os apontamentos estão uma suposta insuficiência de higienização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e até mesmo a desinterdição do Centro Cirúrgico, após o mesmo ser fechado pela Vigilância Sanitária, em maio.
Alan Cosme/HiperNoticias
MP investiga falta de limpeza na UTI e no Centro Cirúrgico do PS
As duas portarias foram publicadas no dia 12 de setembro e assinadas pelo promotor de Justiça Alexandre de Matos Guedes, da Sétima Promotoria de Justiça, Especializada na Defesa da Daúde Pública. Em uma delas, baseada em denúncia feita ao órgão ministerial, foram apontadas diversas irregularidades na higiene na UTI do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá.
"A reclamante informou problemas de limpeza, o que gerou a presença de moscas na ala em questão; ralos exalando mal cheiro a todo tempo; inclusive quando este está fechado; lixeiras que ficam abertas; os servidores que laboram na unidade adentram à mesma sem realizarem a devida higienização; não seria disponibilizado álcool para desinfecção e sequer vestes adequadas para que os familiares adentrem ao local; comunica ainda sobre o descaso que os pacientes são submetidos, e que essas situações geram riscos de infecção, podendo agravar o estado clínico dos enfermos", diz a portaria.
O outro documento questiona os motivos e pretende cobra providências em relação a conduta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ao desinterditar o centro cirúrgico do Pronto Socorro, fechado em 10 de maio de 2018 pela Vigilância Sanitária Municipal após constatar que havia esgoto no local. O MP-MT aponta que o secretário Municipal de Saúde teria determinado que a mesma fosse desinterditada e os procedimentos realizados independente dos problemas constatados.
"Foi noticiado que o Centro Cirúrgico apresentava grave retorno de esgoto pelo ralo na área do lavabo cirúrgico, bem como resíduos pelo forro do teto na sala de cirurgia A. Foi evidenciada a precariedade na higienização de todo o setor das salas de cirurgias, inclusive nos corredores e posto de enfermagem; condicionador de ar danificado e retornando água para dentro da sala cirúrgica; lavabo cirúrgico com 4 (quatro) torneiras, mas apenas uma funcionando", diz o documento.
A portaria apontou ainda que a central de esterilização estaria funcionando de forma desorganizada. Com base no relatório da Vigilância Sanitária, foi identificado ainda que havia higienização precária de todo o ambiente; acúmulo de fungos no forro do teto, banheiro do vestiário e nos materiais de limpeza; apresentando ainda infiltração de esgoto para dentro do ambiente da área limpa e de armazenamento dos materiais esterilizados; equipamento de termodesinfectadora danificado e ausência de equipamentos de proteção individual para a funcionária do expurgo e de acessórios adequados para limpeza dos materiais.
"Na UTI II, encontrou-se infiltrações nas paredes próximas aos leitos 02 e 03 com presença de mofo em grande parte, condicionador de ar em condições precárias de conservação e limpeza, retornando água para dentro da UTI. As irregularidades constatadas representam potenciais prejuízos aos pacientes que por ventura venham depender de tratamento nas alas, sendo que estas são fundamentais e essenciais ao funcionamento do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá e deveriam estar dentro dos padrões estabelecidos pela Vigilância Sanitária, conforme suas atribuições prevista pela Lei n. 8.080 de 19 de novembro de 1990 e pelo Ministério da Saúde", diz a portaria.
Outro lado
A assessoria da Prefeitura de Cuiabá foi procurada, mas até a publicação da matéria não havia encaminhado resposta.
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