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Segunda-feira, 07 de Maio de 2018, 09h:06

Embrapa insere algodão em sistema de produção para reduzir custos

DÉBORA SIQUEIRA - ESPECIAL PARA O HIPERNOTÍCIAS

Parceria do Embrapa Agrossilvipastoril com o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA/MT) e o Grupo Nadiana incluiu o algodão como parte de um sistema produtivo, de maneira a reduzir os custos de produção. Há três safras, pesquisadores da Embrapa monitoram uma Unidade de Referência Tecnológica e Econômica com cerca de 150 hectares na fazenda Cariji, no município de Ipiranga do Norte (MT).. 

Reprodução

algodão

 

No local é comparado o manejo convencional feito pela propriedade com o manejo preconizado pelos pesquisadores. A maior diferença entre uma área e outra é o sistema produtivo. Enquanto uma mantém a sucessão soja-algodão, mais comum em Mato Grosso, em outra o algodão é visto como parte de um sistema que conta com rotação com milho e braquiária.

Com esse sistema, pesquisadores buscam aumentar a quantidade de palhada e de matéria orgânica no solo, reduzir a compactação, quebrar o ciclo de pragas e doenças, suprimir plantas daninhas, reduzir o número de aplicações por meio do manejo integrado, diminuir riscos para o produtor e, acima de tudo, reduzir os custos de produção.

“Nosso foco com esse trabalho é buscar melhorar a eficiência do processo. Deixar de pensar só na produtividade física e passar a pensar na eficiência dos processos”, disse o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste Fernando Lamas.

De acordo com o presidente do Grupo Técnico do Algodão (GTA) na região de Sorriso, Sirineu de Oliveira, o grupo hoje é formado por cerca de 120 profissionais, entre técnicos agrícolas, agrônomos e consultores. A união já tem quatro anos e visa à troca de informações e experiências. Para ele, a inclusão do algodão no sistema produtivo enfrenta resistência devido ao interesse na lucratividade imediata. Porém, os sinais de que é preciso mudar a forma de se fazer a cotonicultura já estão claros.

“Se você pegar do Paraná até a divisa com o Pará nós não temos rotação de culturas. Temos sucessão de culturas. Tira a soja e põe milho, ou tira a soja e põe algodão. Então isso aí vai ficar um sistema falido. Já temos algumas áreas de propriedades nossas mesmo que estão tendo muitos problemas de baixa produtividade por causa da sucessão de culturas. Tem áreas com mais de 20 anos com soja e algodão. Então o nematoide está muito presente, doenças como mancha alvo estão difíceis de controlar, ramulária está vindo mais cedo. Se a gente não tiver esse intervalo de ponte verde, futuramente vai ficar quase que inviável algumas culturas aqui em Mato Grosso”, prevê Sirineu.

Mesmo elencando problemas que já ocorrem na cultura do algodão, como a seleção de pragas e doenças, dificuldade no controle de plantas daninhas, compactação do solo, entre outros, o pesquisador Fernando Lamas reconhece a dificuldade em se fazer mudanças tendo em vista a lucratividade da cultura. Porém, de acordo com ele, é preciso ter visão de futuro. Medidas precisam ser tomadas para evitar que os custos já altos se elevem ainda mais, ou que pragas e doenças inviabilizem a produção no estado.

Embora as avaliações feitas no trabalho acompanhado pela Embrapa ainda estejam no início, e seja cedo para ter resultados conclusivos, os dados da safra passada já apontam uma redução de mais de R$ 700 no custo por hectare, mantendo uma rentabilidade semelhante.

Outros pontos que já começam a ser observados são a menor incidência de plantas daninhas, graças ao papel exercido pela braquiária, maior quantidade de palhada presente no solo, mesmo após a lavoura de soja e redução no número de pulverizações de inseticidas e herbicidas.

“Ainda tem muita coisa a ser feita. Precisamos dominar melhor esse trabalho com a matéria orgânica. Mas o que vemos até agora são informações muito importantes para a cadeia do algodão”, afirma chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Fernandes.