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Domingo, 27 de Maio de 2012, 09h:47

Faltam 30 medicamentos na Farmácia de alto custo de Mato Grosso

HiperNoticias revela com exclusividade lista com alguns dos 30 medicamentos que estão em falta na farmácia, alguns já há dois meses não são distribuídos para a população, na sua maioria de baixa renda

ALIANA CAMARGO

Trinta medicamentos estão indisponíveis na farmácia de alto custo da Secretaria de Estado de Saúde (SES), responsável por distribuir remédios à população. Alguns destes medicamentos já estão em falta há pelo menos dois meses. Desde o dia 5 de maio o HiperNotícias pediu à SES a lista com todos os medicamentos que estão faltando na farmácia de alto-custo, e a informação na época era de que apenas alguns remédios estavam faltando, evidenciando que a lei de acesso à informação ainda não é realidade nos órgãos públicos do Estado.

Porém, na tarde desta quinta-feira (24), a reportagem teve conhecimento de uma lista de mais de 30 medicamentos que estão em falta na farmácia, alguns já há dois meses não são distribuídos para a população. Uma paciente chegou a pedir a cópia da lista, mas as atendentes disseram que não poderiam fornecer. Entre os remédios que estão faltando estão colírios para o glaucoma, uma doença nos olhos que pode levar à cegueira.

As soluções oftálmicas Brimonidina 10 ml, mais conhecido com Combigan, e Brinzolamida 5 ml, popularmente conhecido como Azopt, são indispensáveis para o tratamento de uma senhora, que não quis se identificar para a reportagem. Ela havia chegado no centro de distribuição para buscar os remédios que custam, respectivamente, R$ 117,84 e R$ 52,58 em uma farmácia da cidade, mas foi informada de que o remédio ainda está em falta.

Marcos Negrini/Secom-MT

Mudança de Horário

Outra situação flagrada pela reportagem foi a mudança nos horários da farmácia de alto-custo, sem aviso prévio para os usuários. O setor tinha entrado na alteração de horário de 13h às 18h, por causa das obras de mobilidade urbana, mas a Defensoria Pública entrou com pedido para que o horário se estendesse já que poderia prejudicar o atendimento. Outro caso de desrespeito aconteceu com uma pessoa que precisava de um medicamento que custa, em média, R$ 8 mil.

Ela esteve no Posto em horário de expediente (17h), mas não foi atendida com a alegação de que "houve alteração e o atendimento terminava às 16h30". “Como pode? Está no papel que vocês me indicam vir aqui das 13h às 18h. Tenho que viajar e minha sobrinha precisa desse remédio”, disse com indignação.

Medicamentos

A reportagem teve acesso a alguns medicamentos que estão em falta, mas a lista é composta por pelo menos 30 medicamentos. Quando tomaram ciência de que a lista seria divulgada na imprensa, a atendente da farmácia - visivelmente irritada - disse que a solicitação deveria ter sido feita por meio da SES. A equipe do HiperNotícias já havia entrado em contato com a Secretaria há pelo menos 20 dias e insistentemente, mas não houve retorno.

A lista fica no balcão de atendimento à disposição dos usuários, mas à reportagem foi negado o acesso.

Entre os medicamentos que estão faltando são:

Alfaepoetina 10.000 (por frasco e ampola) – Portaria do Ministério da Saúde

Alfaepoetina 4.000 (por frasco e ampola) – Portaria do Ministério da Saúde

Alfaepoetina 3.000 (por frasco e ampola) – Portaria do Ministério da Saúde

Alfaepoetina 2.000 (por frasco e ampola) – Portaria do Ministério da Saúde

Betaxdol – cloridrato, 0,50% - Portaria Estadual

Bezafibrato 400 mg (por drágea ou comprimido) – Portaria MS

Bezafibrato 200 mg ( por comprimido de desintegração – Portaria MS

Brimonidina 0,2% + Timololo 0,5% (Combigam) 10 ml – Portaria Estadual

Brinzolamida 1% (Azopt) frasco 5 ml – Portaria Estadual

Filtro solar UVA/UVB – Portaria MS

Fludrocortisona 12 mcg – pó ou capsula inalante – Portaria MS

Lamotrigina 100 mg – Portaia MS

Lamotrigina 50 mg – Portaria MS

Lamotrigina 25 mg – Portaria MS

Latanoprost + maleato de timolol – solução oftalmia – Portaria Estadual

Mezalazina – 400 mg Mezalazina – 800 mg

Distribuição

Apesar da SES ter passado a distribuição para a Organização Social de Saúde (OSS) Instituto Pernambucano de Assistência Social (Ipas), em julho de 2011, a falta de medicamento ainda persiste. O Ipas gerencia a logística de distribuição de medicamentos.

Um dos grandes problemas enfrentados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) é o volume de usuários que exigem, através de ordem judicial, o cumprimento da compra de medicamentos. Em julho de 2011 o número de processos judiciais atingia 70% dos usuários.

O setor de assistência farmacêutica do Estado atende 23 mil usuários. A promessa da contratação da OSS era deixar a cultura da judicialização e passar para um atendimento mais humanizado e mais socializado em todo o Estado.

Outro Lado

A SES informou que o Estado já adquiriu o Combigam (colírio para Glaucoma) e está em fase de entrega, mas a informação da atendente na farmácia era de que não tinha previsão de chegar. A reportagem também procurou saber qual o motivo de tantos remédios da portaria do Ministério da Saúde estarem em falta, mas até o momento a SES não se posicionou.

Para atendimento ao público para dúvidas ou reclamações o número é o 0800647-1404 (em fase de teste). Os números para consulta de medicamentos são: 3322-5509, 3322-3637, 3624-7447, no horário das 8h às 16h30.