O saldo da balança comercial de março de 2024 foi de US$ 7,5 bilhões, inferior ao de março de 2023. No entanto, na comparação do primeiro trimestre, o superávit de US$ 19,1 bilhões em 2024 foi o maior da série histórica. No caso das exportações, que cresceram 19,7% (janeiro) e 20,6% (fevereiro) na comparação interanual mensal entre 2023 e 2024, foi registrado recuo de 9,6%, em março. No volume importado, o comportamento foi similar: 11,2% (janeiro), 12,4% (fevereiro) e desaceleração para 1,6%, em março.
"Os preços seguiram a trajetória de queda observada desde o início do ano, e caíram 5,6% para as exportações e 8,5% para as importações", informou o Indicador do Comércio Exterior (Icomex), divulgado pelo Ibre da FGV nesta quarta-feira, 17.
Para o comércio exterior do Brasil - exceto se houver alastramento dos conflitos envolvendo as grandes potências -, a oferta de commodities, em especial, do petróleo, poderá ser beneficiada com um possível aumento de preços. Os juros altos nos Estados Unidos tendem a desvalorizar a moeda brasileira junto com fatores domésticos como a questão fiscal, entre outros.
Nesse caso, pressões inflacionárias não são bem-vindas, mas para a balança comercial o efeito seria positivo, avalia o Icomex. "Em abril, antes do acirramento do conflito no Oriente Médio entre Irã e Israel, a Organização Mundial do Comércio (OMC) estimou um aumento no volume do comércio mundial de 2,6% em 2024, após recuo de 1,2%, em 2023, influenciado pelo fraco desempenho da Europa, mas chamou a atenção para as incertezas que pairavam no comércio mundial", ressalta.
A FGV Ibre observa que existe um cenário desfavorável para uma negociação visando o término da guerra na Ucrânia e do conflito entre Israel e o Hamas, que influencia os preços das commodities e afeta a logística do transporte mundial, em especial no Canal do Suez.
A alta probabilidade de manutenção dos juros altos nos Estados Unidos, que poderia levar a um crescimento menor da economia do país, e as dúvidas quanto ao crescimento chinês de 5% anunciado pelo governo, poderão ter um impacto na demanda mundial por importações.
Em 2023, enquanto o volume de comércio mundial recuou, o volume exportado pelo Brasil cresceu 8,6% e o das importações registrou queda de 2,2%. Seca na Argentina, problemas de safra nos Estados Unidos, recuperação da China explicaram o bom desempenho exportador do país. Para 2024, o modelo Ibre estimou em março (Boletim Macro), aumento no volume exportado de 2% e das importações de 1,2%, próximo às projeções da OMC.
"Não há consenso quanto ao desempenho chinês para 2024. No entanto, sinais de melhora da economia chinesa têm levado a que vários especialistas e institutos comecem a acatar a projeção de 5% do governo chinês para 2024 como viável", informa a instituição.
De acordo com o documento, a pauta brasileira de exportações para a China está concentrada em três produtos. No primeiro trimestre de 2024 esses produtos explicaram 77% das exportações para a China - soja (31%); minério de ferro (23%); e petróleo (23%). Mesmo com crescimento menor, ao redor de 4%, as exportações devem desacelerar em relação ao resultado de 2023, mas as variações serão positivas e o superávit está garantido. "Todas essas considerações supõem que o conflito não irá se alastrar pelo mundo", alerta.
Os principais mercados de destino das exportações brasileiras no primeiro trimestre de 2024 foram: China (29,4%); Estados Unidos (12,6%); e a Argentina (3,6%). A participação da União Europeia foi de 12,1%. Estados Unidos é destacado pelo aumento no volume exportado, seja na comparação mensal (+21,6%) ou trimestral (+21,0%). As exportações de petróleo bruto explicaram 19% das vendas para esse mercado, com variação em valor entre os dois primeiros trimestres de 2023 e 2024 de 142%. A China registrou variação positiva no trimestre, mas queda na comparação mensal com menores vendas em volume de soja.
Nas importações, o destaque é o aumento de volume para a China e queda para os Estados Unidos. Nesse último caso, chama atenção a queda nas importações de óleo combustível (9,9% das importações) e recuo de -46% na comparação trimestral.
Observa-se que a distância da participação da China e dos Estados Unidos nas importações brasileiras tem aumentado ao longo dos anos. No primeiro trimestre de 2024, a participação da China foi de 23,9%, dos Estados Unidos de 15,2% e da União Europeia de 19%. Há dez anos atrás, no primeiro trimestre de 2014, essas participações eram: China (17,4%); Estados Unidos (15,5%); e União Europeia (19,3%).
(Com Agência Estado)
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