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Cidades Domingo, 19 de Fevereiro de 2017, 10:00 - A | A

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Domingo, 19 de Fevereiro de 2017, 10h:00 - A | A

POR DENTRO DO CÁRCERE

Político critica visita íntima em presídios; "cela não é motel"

MAX AGUIAR

'Visita íntima nos presídios. Você é a favor ou contra? Essa indagação ganhou às redes sociais na semana que se passou e causou bastante repercussão, principalmente por conta de comentários de políticos que tomaram o Facebook e Twitter. Quem começou isso foi o suplente de deputado federal e comentarista em um programa de TV no Paraná, Paulo Martins (PSDB). Ele garantiu que assim que assumir uma cadeira na Câmara irá apresentar o projeto para acabar com as visitas íntimas em presídios do Brasil. 

 

Reprodução

Deputado Marcelo Martins

Suplente de deputado quer criar projeto para fim das visitas íntimas em presídios

Para o tucano, as leis penais estão muito brandas. "Onde já se viu isso? Temos que parar de ouvir e obedecer preso. Presídio não é motel para bandido. Tem que acabar sim a tal da visita íntima. Ninguém fala isso porque tem medo. Mas eu vou pra cima com esse projeto e espero que aprovem", declarou Martins.

 

Segundo o tucano, quem criou o direito à visita íntima “acreditava em ressocialização” e achava que o certo era permitir que o preso mantivesse os laços familiares. Mas o deputado pensa diferente. “Quer manter o casamento, manter a família, mantenha-se livre. Não cometa crime”, afirmou.

 

Aproveitando o assunto, trouxemos o tema para Mato Grosso e logo procuramos o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado para comentar sobre a posição do político. O presidente do Sindispen, João Batista, acompanhou o pensamento e disse que em Mato Grosso a situação é pior. 

 

 

"Também acompanho o que pensa o suplente Paulo Martins. É muita vergonha o que acontece em dias de visita nos presídios não só da capital Cuiabá, mas também no interior. Algumas senhoras, senhores e crianças vão para visitar seus filhos, seus pais e acabam presenciando vários presos transando dentro de seus cubículos. Como não temos uma área especial para as visitas, as celas se abrem e várias crianças ficam brincando por ali enquanto os detentos fazem sexo com suas companheiras", comentou Batista. 

 

Marcos Lopes/HiperNotícias

João Batista Pereira de Souza/SINDSPEN-MT

João Batista, presidente do sindicato dos agentes, concorda com o fim das visitas 

O sindicalista ainda confirmou que várias garotas de programas ou mulheres solteiras são pagas por membros de facção para fazerem a carteirinha como esposa dos reeducandos e conseguirem entrar com o corpo recheado de droga.

 

"As mulheres, na maioria das vezes de programa, entram na penitenciária com droga e celulares na genitália. Elas não são esposas, são mulas do tráfico que usam e abusam da visita íntima para poderem entrar com droga e celular no presídio. No Pascoal Ramos é onde mais a gente encontra casos desse tipo", explicou João Batista, que ainda volta a se indignar com as crianças e idosas que presenciam tal fato. "É difícil você ver isso acontecendo na frente de crianças e pais de família. Parece motel para presos com privilégios. E não podemos fazer nada. É o tal do direito deles", concluiu. 

 

Contra

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso e mestre em segurança pública e sociologia, Naldson Ramos, não é a favor do que diz o sindicalista, muito menos segue a linha de raciocínio do deputado.

 

Para Ramos, não está comprovado em lugar nenhum que preso sem visita íntima sai da cadeia reeducado. "O que significa a visita íntima na reeducação e reesocialização do preso? Nada. O sistema todo precisa ser reformulado. A Lei Penal toda precisa ser revista, mas não existe estudo que aponte que presos que não faz sexo sai da cadeia mais tranquilo e mais sociável. A questão ai não é moral. É social", disse. 

 

Daniel Morita / Revista Fapemat Ciência

naldson - nucleo de pesquisa violencia

Professor Naldson Ramos diz que é contra o fim das visitas íntimas

Naldson ainda criticou o projeto dizendo que a principal coisa a se fazer hoje é rever como estão os presídios e não tirar direito de preso, o que pode causar mais guerras penitenciárias entre facções. 

 

"Presídios com mil vagas tendo 3,500 homens juntos. Tem cela que 40 homens se amontoam em cubículos feitos para 17. Isso reeduca? Nunca. Ai vem gente falar que o problema é visita íntima? A lei precisa ser revista, precisa fazer um acompanhamento do preso, principalmente quando há a progressão de pena. Construção de presídio e fazer da carceragem um verdadeiro centro de socialização seria o primeiro passo, não projetos desse modelo para entrar em discussão", concluiu o professor Naldson Ramos.

 

O magistrado Geraldo Fidelis, titular da Vara de Execuções Penais, comentou que a visita íntima não causa problema ao Sistema Penitenciário. Aliás, ela tira a tensão. "O que precisa enrijecer é o controle na entrada das visitas, mediante a aquisição e o uso de scanner corporal. Visita íntima não é o problema imediato", comentou o magistrado.

 

Visita Intima

Em um relato feito dentro do livro Fábrica de Monstros, escrito pelo ex-detento Marcelo Rocha, que ficou nacionalmente conhecido por ter se passado como filho do dono da Gol Linhas Aéreas, ele conta como é a vida dentro dos cubículos e ainda cita trechos de como acontecem as visitas íntimas. Em determinado momento ele relata que tem detento que aumenta o volume da TV para poder ter mais privacidade, já que o local não possui cama redonda, nem espelho no teto, muito menos ar-condicionado.

 

Marcos Lopes/HiperNotícias

Marcelo Nascimento da Rocha/Vip

No livro Fábrica de Monstros, Marcelo Rocha explica um pouco sobre a vida na cadeia

"A privacidade de um encontro íntimo se limita a um lençol separando beliches de alvenaria. Nada de gritos ou gemidos estridentes. Isso porque a cela e é a mesma que o preso divide com outros detentos. Ali, apenas cortinas feitas com lençóis, separam os casais nas famosas 'jégas'. Nome dado aos espaços utilizados nas visitas. Mesmo nessa situação, tem detento que toda semana recebe visita e isso já passa de cinco anos", relatou. 

 

Em Cuiabá as visitas acontecem na terça, quinta e domingo na Penitenciária Central do Estado. "Em Mato Grosso, são oito camas. Mas na cela tem 19 ou 21 presos. Então existe um rodízio para que todos possam usufruir do direito que tem", revela o livro.

 

Fábrica de Monstros foi lançado em 2011, logo após o direito que Marcelo passou a ser preso do regime semiaberto.

 

 

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