Hércules e Célio retornam para Cuiabá e causam preocupação

Arquivo/Folha do Estado

Empresário e fundador da Folha do Estado foi assassinado pela dupla Hercules e Célio Alves em setembro de 2002, em Cuiabá

O ex-policiais militares Hércules de Araújo Agostinho e Célio Alves de Souza chegam a Cuiabá entre quinta-feira (19) e sexta-feira. A transferência deles do presídio federal de segurança máxima de Porto Velho (RO) para Capital de Mato Grosso foi determinada pelo juízo da 3ª Vara Criminal daquele Estado.

Somas das condenações impostas a eles pela Justiça de Mato Grosso chegam a 100 anos. Os dois eram pistoleiros e faziam parte do braço armado da organização criminosa comandada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, também condenado por vários crimes de assassinatos. Arcanjo está preso em Campo Grande.

A vinda de Hércules e Célio foi confirmada pelo tenente-coronel Antônio Chaves, secretário adjunto da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Ele é o responsável pela segurança nas penitenciárias de Mato Grosso. Chaves disse que já expirou a permanência 75 dias da dupla na penitenciária de Porto Velho. A segurança na Penitenciária Central do Estado (antigo Pascoal Ramos) vai ser reforçada, segundo o secretário adjunto

Em princípio, os dois viriam em carros escoltados por agentes federais do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Mas, segundo o coronel Chaves, pelo perigo que essa viagem oferecia, foi acertado que eles vêm de avião. Por questões de sigilo a hora e dia não foram divulgados.

Coronel Chaves disse ainda que Hércules e Célio ficarão na Penitenciária Central do Estado. Mas essa permanência é transitória. Eles devem seguir para outro presídio federal. Existem unidades de segurança máxima no Paraná (Catanduvas), Mato Grosso do Sul (Campo Grande), Rio Grande do Norte (Mossoró), São Paulo (São Bernardo do Campo) e Rio de Janeiro (Bangu).

Quem vai pedir transferência dos condenados de Mato Grosso é o juiz da 2ª Vara Criminal, Gonçalo Antunes de Barros. A assessoria do magistrado informou que ele ainda não recebeu comunicado oficial da Justiça Federal de Rondônia. Naquele Estado, o assessor do juízo da 3ª Vara (não quiseram dizer o nome do titular) informou que foi decretado sigilo absoluto sobre o caso, mas confirmou que os ex-militares virão para Cuiabá.
 
Em Cuiabá, o promotor Joelson de Campos Maciel disse ter conhecimento da transferência de forma extraoficial. “Ainda não recebi nada formalmente, mas estamos aguardando”.
O coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado), promotor Paulo Prado, vê com preocupação a permanência de Célio e Hercules em Cuiabá. “Ambos são de extrema periculosidade”, resumiu.

PISTOLAGEM

Entre as condenações de Hércules de Araújo Agostinho e Célio Alves está o assassinato do empresário Sávio Brandão, fundador do jornal Folha do Estado. Sávio foi executado com 7 tiros de pistola no dia 30 de setembro de 2002, em frente à construção da nova sede do grupo, no bairro Consil.

A morte do empresário, de certa forma, permitiu ao Gaeco e Ministério Público Federal desenvolverem investigações que motivaram a queda do então poderoso João Arcanjo Ribeiro, que mantinha “negócios” com diversas autoridades do Executivo, Judiciário e Legislativo.
Os pistoleiros também participaram do assassinato dos irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo em agosto de 1999 e dezembro de 2000, respectivamente. Os crimes ocorreram em Rondonópolis, região sul de Mato Grosso. Ambos foram julgados e condenados a 27 anos cada um.

O próximo julgamento deles está marcado para  dia 29 de junho. São acusados de matar o empresário Mauro Sérgio Manhoso, há cerca de 10 anos. O ex-bicheiro João Arcanjo é suspeito acusado de ser o mandante do crime e a Justiça decidiu que ele também vai a júri, A Justiça marcou para o dia 29 de junho o júri dos ex-policiais militares Hércules Araújo Agostinho e Célio Alves de Souza pelo assassinato do empresário Mauro Sérgio Manhoso, há pouco mais de 10 anos.

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