Usuários do transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande estão insatisfeitos com o aumento da tarifa de ônibus e o investimento de mais de R$ 1 milhão na Estação Alencastro em detrimento dos demais pontos e dos ônibus que circulam nas duas cidades. Tido como o marco do desenvolvimento do sistema de transporte público na Capital, a Estação não é funcional na opinião de alguns cuiabanos.
A reportagem do Hipernotícias saiu às ruas e ouviu algumas pessoas na região da Praça Alencastro. O descontentamento é predominante entre os entrevistados.
“Eu lembro que no terminal da Bispo não cabia ninguém. Esse aqui que não vai caber mesmo, que é menor ainda. Tanto dinheiro investido aqui e no meu bairro não tem nem ponto de ônibus. A gente fica no relento”, disse Carlos Alexandre que mora no bairro Ribeirão do Lipa e precisa de dois ônibus para chegar ao centro da cidade. “Isso para mim é para maquiar a cidade. Os ônibus são umas latas velhas e a passagem só sobe. Por que não investiu nos outros pontos também?”, frisa.
Enquanto a equipe realizava a enquete, foi abordada por um senhor indignado que questionou: “Vocês são repórteres? Então fala para o prefeito que está tudo ruim”.
Werner Silveira é aposentado e não paga mais para usar o transporte público, porém por muito tempo usou o transporte coletivo e desembolsava dinheiro por isso. Ele é morador do bairro Ponte Nova, em Várzea Grande, e se desloca duas vezes por semana até o Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCan), em Cuiabá, onde faz acompanhamento. São quatro ônibus por dia para chegar até a unidade de saúde.
“É um absurdo cobrar esse valor de passagem. Acho que eles deveriam subir a tarifa só quando fossem feitos mais pontos de ônibus e melhorasse a qualidade do transporte. Se fosse bom eu pagava o que fosse, mas é muito ruim. Agora construíram a Estação com todo esse dinheiro e não tem nem ponto no meu bairro”, reclama o idoso de 67 anos enquanto espera seu ônibus.
A tarifa de ônibus subiu de R$ 3,60 para R$ 3,85 em Cuiabá, na semana passada.
Outras pessoas são mais compreensivas com a situação, como a Vilma Correa, que mora no Araés e Benedita Flávia, residente do Paiaguás. Ambas gostaram da Estação, mas reclamam da situação do transporte nos bairros.
Elas dizem que o local é confortável com ar-condicionado, banco e água, mas que no bairro em que moram os ônibus que perfazem a linha não tem ar-condicionado e o wifi indicado nos veículos não funciona. Além disso, afirmam que os ônibus demoram muito para passar.
O engenheiro eletricista aposentado Maverie Brás todos os dias faz exercício na região do centro da cidade. Morador do Dom Aquino, ele caminha até a Praça Alencastro, onde fica por alguns minutos todas as manhãs. “É muito dinheiro investido aí. Aparentemente a estrutura não justifica R$ 1 milhão. Não sei da funcionalidade, mas vamos ver a manutenção desses defeitos apontados e como a Estação estará daqui uns dois anos”, afirma o engenheiro.
A estação é um espaço fechado e climatizado com 76 assentos e capacidade para abrigar aproximadamente 800 pessoas em circulação.
Toda obra foi orçada em R$ 637 mil (parte física) mais R$ 587 mil gastos na instalação dos 150 equipamentos fotovoltaicos (placas solares), ar-condicionado e portas de automação. O custo total do terminal ficou em R$ 1 milhão 224 mil, recurso oriundo do Fundo Municipal de Trânsito.
Dois dias depois de inaugurada, a Estação Alencastro apresentou problemas estruturais, como goteiras e infiltração.
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