O Shopping Popular de Cuiabá, conhecido como "Shopping dos Camelôs", completou 22 anos de existência neste mês de abril. Por ali, naquele espaço onde os bairros Dom Aquino e Porto se encontram, inúmeras pessoas passaram fazendo compras, e inúmeras histórias foram vividas pelos vendedores do local.
Alan Cosme/HiperNoticias
Shopping Popular sofreu diversas mudanças estruturais durante o tempo e hoje é referência
Onde encontrar brinquedos para as crianças, itens para a pescaria, roupas, cosméticos, itens de festa e até aparelhos eletrônicos? Enfim, onde encontrar tudo no mesmo lugar? O Shopping Popular sempre foi referência no assunto, principalmente quando se procurava preço baixo. Em razão da diferença de valores, os vendedores do local sempre tiveram que lidar com o estereótipo de “produtos de má qualidade”.
Em razão da diferença de valores, os vendedores do local sempre tiveram que lidar com o estereótipo de “produtos de má qualidade”. A afirmativa, porém, vem sendo desmistificada com o tempo. Atualmente, os mais de 800 vendedores são regulares junto à Receita Federal, apresentam nota e já conquistaram a credibilidade dos fregueses.
“O Shopping é um exemplo de vida”, disse o presidente da Associação dos Camelôs do Shopping Popular e vereador Misael Galvão. Segundo ele, a conquista dos camelôs é de cada associado, que persistiu com o tempo e é responsável pela história construída.
Os 22 anos foram de luta, quando, obrigados pela prefeitura, os vendedores ambulantes da cidade foram removidos para o local. No início, tomaram muito sol e chuva, trabalhavam em cima de tripés, e eram cobertos apenas por uma lona. Tiveram que lidar com a população receosa de comprar em um afastado, com as enchentes, muitas vezes com águas do esgoto do córrego da prainha, e até os policiais levando suas mercadorias por não terem notas fiscais.
Hoje, mesmo quem enfrentou todos esses problemas, se sente gratificado pela história que viveu. É o caso de dona Otília Martins Fialho. Vendedora de cosméticos, a senhora está presente no local desde o início, há 22 anos, e já comercializou brinquedos e roupas. Ela lembra dos anos corridos com orgulho da persistência dela, dos colegas e do atual líder da associação, que não desistiram de transformar o lugar em um bom ambiente.
“Vemos que foi um crescimento muito bom, e que, hoje, para estar onde nós estamos, é porque nós merecemos”, disse. “Nós lutamos muito e passamos, durante esses 22 anos, muitas coisas que nós conseguimos vencer com muita determinação”, ressaltou a comerciante.
Os caminhos que levaram o Shopping Popular ser, atualmente, referência em camelô para todo o país também não foram esquecidos por Ariovaldo Mundim. O comerciante, hoje proprietário de quatro bancas, está no local há 18 anos e já viveu de tudo por lá. “Todo mundo vê os tombos que eu caio, mas as pingas que eu bebo ninguém vê”, brincou.
Ari, como é chamado, relembra que a transformação do espaço para seu estado atual foi um sonho diário. “Na época, começou-se criar em Cuiabá muitas galerias, com piso, refrigerados, e todos melhores que nós. E nós, que já tinhamos uma história, ficamos jogados e esquecidos. Mas nós conseguimos sobreviver”, disse.
"Se hoje nós somos chamados de empresários, é porque pagamos impostos, nos legalizamos. É a nossa persistência, perseverança. Isso aqui é sobre ter um sonho, correr atrás e não desistir", ponderou.
Para Misael Galvão, os colegas não poderiam estar mais corretos. Na época, desistir era uma opção fácil diante dos inúmeros problemas que surgiam. Por isso o novo shopping é sinônimo de luta e fé. “A gente diz sempre que vale a pena sonhar, que vale a pena acreditar, porque só vai acertar quem não tem medo de errar”, disse o presidente.
Novo Shopping Popular
A estrutura atual do Shopping Popular foi uma reforma desenvolvida no período da realização da Copa do Mundo de 2014, sediada em Cuiabá. Na época, especulava-se que os camelôs seriam despejados do local, em razão da poluição visual que o antigo ambiente causava. Após conversas com políticos, Misael Galvão, presidente na época, conseguiu a aprovação de uma concessão onerosa por 60 anos para os comerciantes do espaço. Este foi o primeiro local de vendedoras ambulantes com concessão no país.
Em contrapartida, a Associação teve que assumir a reforma do Ginásio Dom Aquino, que, atualmente, tornou-se um complexo esportivo. A construção do espaço, que custou cerca de R$4 milhões, é fruto, também, de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público. Assim, o local, antes abandonado, se tornou um espaço bastante procurado pela população para a prática esportiva. Ali também foi construído um miniestádio e quadras de areia. Atualmente, o complexo é capaz de desenvolver onze modalidades.
Curiosidade
Você sabe por que os vendedores informais são chamados de camelôs? O termo vem das ruas da França antiga e sofreu mudanças conotativas durante o tempo. No século XII, na Ásia e Oriente Médio existia um tecido feito de pelo de camêlo. Quando foi exportado para o país europeu, o objeto ficou conhecido por “camelot”. O tecido era vendido aos pelos comerciantes das feiras. Por essa razão, os vendedores ficaram conhecidos pelo nome do produto.
A associação dos camelôs aos produtos de baixa qualidade, nasceu no mesmo tempo, no entanto. Isso porque alguns vendedores falsificavam o tecido, utilizando pelo de cabra. Essa ligação pejorativa do nome aos vendedores ambulantes chegou ao Brasil, no início do século XX. Atualmente, o termo camelô ainda é visto por uma parcela da sociedade como vendedores de produtos de baixa qualidade, fato que tem mudado com o tempo.
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neila barreto 01/05/2017
Penso que a origem vem com os mascates, portanto a origem é sírio libanesa. É preciso pesquisar. O comércio dos mascates no Brasíl iniciou com os sirios libaneses e Cuiabá não ficou fora disso.
1 comentários