A recém-nascida indígena, encontrada por policiais enterrada em um terreno baldio no município de Canarana (831 quilômetros de Cuiabá), já foi adotada. A informação foi prestada pelo vice-presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Xingu, Ayato Uikuikuro. Segundo ele, responsabilizou-se pela criança a tia da mãe da bebê, que está acompanhando todo o tratamento da menina no Hospital Regional de Água Boa.
Pelo fato de a tia ter adotada a criança, a mãe e a bisavó continuarão tendo acesso a ela e poderão acompanhar o seu crescimento.
Na noite desta terça-feira, policiais foram acionados por um denunciante que informou a existência de uma criança enterrada no quintal da casa em que a família morava. Ao chegarem ao local, os policiais começaram a cavar para encontrar o corpo, quando ouviram o choro da recém-nascida. A bisavó afirmou que teria enterrado o corpo por considerar que a criança teria nascido morta, por ser prematura. No entanto, os médicos contestam a informação e afirmam que o bebê nasceu no tempo correto. Ao todo, a indígena passou 6 horas enterrada.
Conforme Uikuikuro, a prática da infanticídio ainda ocorre entre os indígenas quando a família não tem condições de criar a criança ou a mãe é solteira. "Isso é tradição cultural, vem da origem. O costume existe, mas nesses dias não pode mais existir isso. Nossa luta na saúde indígena não admite mais essa prática. Temos lutado contra o infanticídio. Estamos fazendo campanhas neste sentido no Distrito de Saúde Indígena do Xingu", pontuou, ressaltando ser rara a incidência de infanticídio nos dias atuais.
O vice-presidente explica que a mãe da criança é uma adolescente de 15 anos e que não se sabe quem é o pai da bebê. O pai da puérpera é da etnia Trumai - que não tolera mães solteiras - e a mãe, da Kamaiurá, que possui cerca de 460 integrantes em Mato Grosso.
"Estamos em outro mundo, onde a criança é parte da família. Estamos lutando, atuando nas bases. Essa tem sido uma questão primária da saúde indígena. Estamos conversando com a família, orientando que não poderiam ter feito isso", disse Uikuikuro, ressaltando que o caso chocou muita gente.
Ele lembra que quando a mãe entender que não tem condições de criar a criança, pode entrar em contato com o Distrito de Saúde Indígena e pedir que a criança seja encaminhada para adoção.
O vice-presidente ainda pontua que há um acompanhamento das gestantes indígenas, mas que o caso da adolescente de 15 anos não chegou ao conhecimento do Distrito. Só souberam do caso depois da notícia de que a criança foi encontrada enterrada em Canarana. "Depois vamos conversar com essa moça", reiterou.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.