Quem procura as policlínicas e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Cuiabá vem enfrentando horas de espera para receber ajuda e nem sempre consegue. Esse é o retrato do caos na Saúde Pública do Brasil.
Edson Rodrigues
Pacientes aguardam por atendimentoFuncionários da Policlínica do Planalto, por exemplo, disseram ao HiperNotícias que faltam profissionais para melhorar o atendimento na unidade que está sobrecarregada devido a muitas pessoas que ficaram desempregadas e agora não tem mais o plano de saúde para recorrer.
A situação é tão constrangedora que se alguém chegar com dor terá que se escorar na parede ou sentado no chão. O espaço não possui cadeiras suficientes para a população que precisa de atendimento diário.
O caso de demora no atendimento se repete na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro. Lá é considerado o maior espaço médico público da região da Grande Morada da Serra, porém alguns pacientes são simplesmentes deixados de lá, como aconteceu com um casal que reseolveu denunciar.
O técnico em eletrônica Gabriel Almeida e a esposa Leidis Regina madrugaram na UPA para conseguir um pediatra para o filho que passou mal durante a noite toda com fortes dores abdominais e febre. Mas, às 6h da manhã não tinha nenhum recepcionista para preencher a ficha dos pacientes que chegavam. E, o motivo não era porque não tinha nenhum profissional contratado para a função, mas sim porque estava em outra sala “batendo papo com a enfermeira”.
“Estava totalmente jogado. Desesperado fui buscar ajuda pelos corredores. Encontrei o médico plantonista e pedi para atender meu filho que passava mal em meus braços. Mas, no momento que me distrai o médico saiu. Provavelmente estava acabando o plantão dele e simplesmente ele não quis resolver a situação. Mas, essa é uma atitude desumana para profissionais que trabalham na Saúde.Você ver alguém precisando de você e dá as costas? Achei um absurdo”, lamentou o pai da criança que faltou o emprego para se dedicar ao menino.
Edson Rodrigues
Mulher corre depois para conseguir vaga depois de esperar 4h
Sem conseguir resolver a situação, Gabriel foi com a esposa para a policlínica do Planalto. Mas, eram 7h30 da manhã e o atendimento ainda não tinha começado porque o médico se atrasou. A triagem começou às 8h e o atendimento foi iniciar lá pelas 8h30.
“Meu filho foi atendido às 9h e somente às 10h a gente conseguiu medicar ele. Ficamos preocupados porque ele apresentava sintomas de apendicite e se fosse não tem como esperar. Fez exames, mas resultamos somente a partir das 16h. Isso é uma total desvalorização com as pessoas que necessitam. Ninguém vem aqui para bater perna ou passear. E o que a gente mais encontra são pessoas mal educadas. Há também um único pediatra atendendo. Ele foi até um bom médico, porém, não dá conta da demanda sozinho com esse tanto de crianças que estão aqui chorando”, observou.
“Não adianta ficar aqui. Vamos embora. E tentar outra solução. Meu filho não está conseguindo nem andar. E eu não posso simplesmente ficar aqui de braços cruzados. Depender do Sistema Único de Saúde (SUS) é o mesmo que não depender de nada”, desabafou.
Já Adriele Ferreira, que aguardava por atendimento com a filha de apenas três meses, também esperou por horas. Ela chegou às 8h e foi chamada para fazer triagem às 10h30. Minuto a minuto a equipe de reportagem do HiperNotícias constatou que ela se dirigia até o balcão de atendimento e perguntava sobre o médico. “A senhora precisa ter calma”, dizia a recepcionista.
Além da situação da demora, Adriele também reclamou das condições em que os pacientes são recebidos. Ambientes sujos e na sala onde realiza exames e internação corre uma água de esgoto.
Edson Rodrigues
Mães esperam pelo lado de fora“As pessoas já estão com imunidade baixa pode acabar pegando uma infecção. Os banheiros estão inutilizáveis. É uma falta de respeito total”, alegou.
O HiperNotícias constatou todas as denúncias feitas pelos moradores dentro da unidade da Policlínica do Planalto. Porém, não foi autorizado tirar foto dentro do local. E, a administração da unidade não recebeu a equipe de forma elegante.
UPA Morada do Ouro
O haitiano Rinald Alexandre se deslocou até a unidade três vezes da semana para levar a filha de Bruna Alexandra Vanessa de 10 meses que sentia febre, dor no corpo e tosse.
Ao HiperNotícias ele reclamou da demora no atendimento e por três dias que precisou ir até a unidade para resolver a mesma situação.
“No primeiro dia passei o dia todo aqui e nada. Estava lotado e o exame sairia às 18h. Na terça-feira, ela precisou voltar e saímos no final da tarde de novo. Tomou medicação e mesmo assim não melhorou. E, na quarta-feira precisei voltar de novo para ela passar por nova consulta e pegar os exame. Achei muitos dias para resolver uma coisa só. E, nisso, fiquei três dias sem dormi porque trabalho a noite como operador de máquina e minha mulher ainda não sabe falar português. Então tive que vir com ela. Foram horas esperando e dias vindos, mas mesmo com os exames sai daqui ainda sem saber o que era. Agora, a entrego nas mãos de Deus porque só ele pode me ajudar”, concluiu.
Outro lado
De acordo com a assessoria da Secretaria de Saúde de Cuiabá, nos últimos meses em razão da crise financeira a demanda vem aumentando nas unidades de Saúde. Muitas pessoas deixaram os planos de saúde particular e estão indo para o SUS.
"Hoje as unidades de pronto atendimento possuem médicos em número suficiente ai preconizado pelo Ministerio da Saúde. Temos falta de profissionais de enfermagem principalmente de técnicos. Para atender a demanda a SMS está trabalhando na reestruturação das unidades tanto física como de pessoal, melhorando os processos de trabalho, ampliando e reformando unidades em especial da rede básica", concluiu trecho da nota.
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