Considerando todos os partidos com registro no País, o PSL respondeu por 14% das 95 mil filiações no período. Analistas afirmam que o descontentamento com PT, PSDB e MDB, que dominam a política nacional desde 1994, aliado ao surgimento de fenômenos populares, como Bolsonaro, explicam esse cenário.
Empurrado por essa onda, o PSL tenta aproveitar para crescer mais - e não só no número de filiados, cujo total chega agora a 241.456, ainda longe de PT (1.589.377) e PSDB (1.460.958), por exemplo.
O partido lançou 13 candidatos para governos estaduais no pleito de outubro. A estratégia fortalece o seu presidenciável, que ganha palanques durante a campanha, mas também favorece candidatos regionais que aproveitam a popularidade do militar da reserva para ganharem notoriedade.
Para o cientista político Emerson Cervi, da UFPR, o momento político brasileiro leva ao crescimento das filiações a partidos menores. "Os números corroboram a possibilidade de fim de um ciclo", diz ele. "É o ciclo iniciado em 1994 e que estabeleceu PSDB, PT e o hoje MDB no controle da política nacional. Esses anos fizeram esses partidos crescerem, mas as eleições de 2014 e 2016 já deram sinais de enfraquecimento. É possível que 2018 traga mais sinais desse enfraquecimento."
Ele acrescenta que o crescimento no número de filiados também tende a beneficiar o partido para além da disputa envolvendo sua principal figura. "O crescimento do PSL pode ter mais a ver com uma estratégia eleitoral do que necessariamente de adesão ao programa do partido. O programa do PSL está em outros partidos de direita, inclusive maiores. O que o partido fez foi se estruturar para as eleições de 2018. Conseguiu um candidato forte, de visibilidade, se aproveitou do desgaste dos grandes partidos, e com isso tudo junto pôde fortalecer as candidaturas regionais", afirma o cientista político.
'Conservador'
O consultor empresarial Marcelo Machado, de Brasília, é um dos novos filiados ao PSL. É o primeiro partido ao qual ele se filia e a escolha, diz ele, tem a ver com propostas de Bolsonaro.
Aos 52 anos, com 15 na atual atividade profissional, ensino superior incompleto e três anos vividos nos Estados Unidos, ele até pensou em disputar um cargo no pleito de outubro. Com o apoio de um amigo que, segundo ele, queria vê-lo candidato, filiou-se em abril, mas não será candidato desta vez. "Conservador e de direita", como se declara, ele diz ter sido recebido por Bolsonaro em seu gabinete há alguns anos.
"Eu notei o Bolsonaro em 2005, quando ele levou para a Câmara um saco de lixo com a estrela do PT para chamar atenção para o mensalão", afirma Machado, que diz apoiar as principais propostas do presidenciável.
Entre elas, estão a venda de negócios da Petrobras nas áreas de refino e transporte de óleo e gás, a diminuição para 16 anos da maioridade penal e a revisão do Estatuto do Desarmamento - conforme programa de governo apresentado por Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral.
"Quando existe uma figura popular, que causa certa comoção e está à frente nas pesquisas, é natural que isso atraia filiações", diz a cientista política Lara Mesquita, da FGV. "O que acontece com o PSL e o Bolsonaro neste ano é o que poderia ter acontecido em 2014 com o PSB e Marina Silva, que também ia bem nas pesquisas. Mas, naquele caso, o crescimento do PSB (ganhou pouco mais de mil novos filiados no primeiro semestre do ano, 0,1% a mais em seu quadro) não foi tão significativo porque o partido é maior e, desde o início, estava dito que era uma filiação temporária, já que Marina estava tentando fundar seu partido (Rede)."
Em 2014, antes da minirreforma eleitoral que mudou o prazo limite de filiações partidárias para até seis meses antes do dia da eleição, o TSE registrou 67 mil novas filiações ao todo. Mas os partidos dos quatro principais candidatos à Presidência à época - Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (PSOL) - registraram só 0,4% de crescimento (2.400) em seu número de filiados.
Em 2010, quando PT (de Dilma), PSDB (de José Serra), PV (de Marina) e PSOL (de Plínio de Arruda Sampaio) dominaram a corrida, houve 14% de crescimento - explicado, em parte, pela mudança nas regras para divulgação da lista de filiados por parte dos partidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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