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Artigos Sábado, 19 de Janeiro de 2019, 07:00 - A | A

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Sábado, 19 de Janeiro de 2019, 07h:00 - A | A

Um Planeta para todos - 1

Neste Planeta para todos as pessoas não seriam manipuladas pela mídia e pelos robôs das redes sociais que adestram e convertem as massas, a ponto de convencê-las

PAULO WAGNER*

Arquivo Pessoal

Paulo Wagner

 

 

Pensei num Planeta para todos, desde o mais pequeno ser, como uma rã minúscula que ainda habita as florestas tropicais, ao habitante de um povoado pequeno e ribeirinho que insiste em levar o seu modo de vida simples, pescando e plantando sua rocinha.

Pensei num planeta com respeito aos índios isolados que repudiam o contato com a civilização ocidental. Civilização que chega com seus motosserras e tratores derrubando árvores centenárias, que chega com suas dragas escarafunchando os rios e abrindo crateras no coração da floresta, sob o olhar perplexo dos habitantes originais do lugar, que precisam fugir e se esconder para não serem assassinados.

Neste Planeta para todos as pessoas não seriam manipuladas pela mídia e pelos robôs das redes sociais que adestram e convertem as massas, a ponto de convencê-las a defender interesses contrários aos direitos humanos, contrários ao desarmamento, contrários ao direito a um trabalho digno e um emprego justo, capazes de garantir boas condições de vida e saúde, e amparo na velhice a todos, indistintamente. Num planeta para todos com certeza os meios de comunicação seriam democratizados, ao invés de monopolizados por grupos aliados a interesses escusos de dominação sociopolítica e estímulo a um consumo doentio, inconsequente e voraz.

Pensei num Planeta onde todos os jovens, independente de sua condição social, tivessem acesso gratuito a educação de qualidade, a escolas e espaços culturais que as ensinassem a pensar de forma crítica e independente, a ponto de adquirirem autonomia para construir um mundo sustentável, repleto de justiça e cidadania. Onde todos tivessem oportunidade de desfrutar as alegrias da vida e a claridade de um lugar ao sol, bastando para isso o empenho pessoal de cada um.

Pensei num Planeta que pudesse acolher com mãos generosas as pessoas com deficiência. Um planeta com ruas e espaço que priorizassem a acessibilidade, um planeta com seres humanos sem o olhar de menosprezo e espanto para crianças, adultos e idosos que jamais irão se inserir no mundo veloz e utilitarista da produtividade capitalista. Crianças, adultos e idosos que mesmo que possuindo limitações, sejam reconhecidos pelo que têm de especial. E sejam vistos como merecedores ternura, atenção e a oportunidades de uma vida feliz e acolhedora.

Pensei num Planeta que respeitasse as águas e nunca lançasse esgotos e lixo nos córregos, rios e mares. Um planeta onde os peixes, as baleias, os crustáceos, os celenterados e as aves marinhas não morressem empachados e sufocados pelos resíduos plásticos. Um planeta que não matasse as nascentes e cachoeiras com a invasão urbana e agropecuária. Um planeta que respeitasse o mar e a água como a origem da vida.

Num Planeta para todos não teríamos 1% dos mais ricos (7 milhões de pessoas) com 82% de toda riqueza global gerada, num universo humano habitado por 7,6 bilhões de pessoas. Haveria mais solidariedade entre as nações, melhor distribuição de renda, menos capital especulativo. Mais investimento em geração de empregos de qualidade, mais investimentos sociais para melhoria global da qualidade de vida, com índices de desenvolvimento humanos reais. Não veríamos o continente que chamamos de Mãe África, e outros regiões do mundo, sendo consumidas pela fome e a pobreza. Problemas que dizimam homens, mulheres e crianças, enquanto se gastam trilhões de dólares com armamentos e a indústria da guerra.

Neste planeta não veríamos o lucro sendo colocado acima da saúde humana e da preservação ambiental. Não envenenaríamos os alimentos com agrotóxicos e transgênicos, estimularíamos o consumo da agrobiodiversidade dos alimentos produzido pela agricultura orgânica e familiar, pela agrofloresta. Não teríamos a imposição de uma indústria sem ética e o consumo de alimentos contaminados e insalubres. Encontraríamos um modo de produção em grande escala justo e sustentável. Capaz de substituir o atual modelo que ganha toda espécie de incentivos e isenções, mas deixa uma dívida ambiental e sanitária que é silenciada pela mídia, com muitas vítimas de câncer e outras doenças, destruição ambiental de biomas e ataques a povos tradicionais.

Em um Planeta para todos não condenaríamos as futuras gerações a conviverem com uma casa planetária destruída, cinzenta e contaminada pela ganância e inconsequência de uma minoria cega e surda. Homens do poder e do dinheiro tão alheios aos alertas científicos, as profecias indígenas como a “Queda do Céu dos Yanomamis”. Alheios a agonia e extinção dos animais, ao fim dos modos de vida tradicionais, ao aquecimento dos oceanos e a estranha mudança no campo magnético da terra.

Em meio a tantos sinais só uma consciência planetária de inter-relação plena com a natureza, uma revolução que nasça no coração humano, uma mudança de valores, uma mudança no modo de vida ocidental imposto à humanidade poderiam conter a atual trajetória em direção a um futuro sombrio. Ainda há tempo de mudar a direção do barco e construir um Planeta de Paz e Solidariedade, um Planeta para todos.

(*) PAULO WAGNER é Escritor, Jornalista e Mestre em Estudos de Linguagem pela UFMT e escreve para HiperNotícias aos sábados. E-mail: [email protected] 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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