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Artigos Sábado, 16 de Fevereiro de 2019, 08:00 - A | A

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Sábado, 16 de Fevereiro de 2019, 08h:00 - A | A

Troglodita Emocional

O primeiro passo para entender nosso trogloditismo emocional é a certeza que não somos o ideário humano e pragmático de funcionamento que as representações sociais cobram e tentam construir e projetar ...

PAULO WAGNER*

Arquivo Pessoal

Paulo Wagner

 

 

É fato comprovado que nossas emoções agem sobre nosso corpo, influenciando desde a liberação exagerada ou equilibrada de hormônios até o surgimento e a cura de uma doença. Na verdade,, somos seres emocionais com ou sem uma inteligência própria para lidar com nossas emoções. Com ou sem controle para não deixar que elas nos prejudiquem, nos aprisionem ou nos desloquem da realidade, nos distanciando do caminho do meio que é equilíbrio entre razão e emoção.

Quando observamos as notícias do mundo ao redor, nosso comportamento e a maneira de agir das pessoas com as quais convivemos, descobrimos que o ser humano, apesar de todo progresso tecnológico, das doutrinas religiosas, da cultura, da filosofia e da informação continua sendo um troglodita emocional. Capaz de ferir e magoar as pessoas que ama, capaz de pisar em quem lhe serve e contribui com sua ascensão social e material, capaz de reações contraditórias àquelas que lhe trariam harmonia e bem-estar físico e mental.

Por que em meio a tanta "evolução" o homem não consegue minimamente, em muitos momentos, racionalizar a raiva e as emoções? Não consegue perceber os mecanismos de construção de um ego orgulhoso, defensivo, mesquinho e incapaz de enxergar um palmo além de si mesmo?

O primeiro passo para entender nosso trogloditismo emocional é a certeza que não somos o ideário humano e pragmático de funcionamento que as representações sociais cobram e tentam construir e projetar. Esse alguém perfeitamente contido, plenamente inserido e exemplar não existe, pois, quando se trata do humano, por mais que se tente colocá-lo em uma caixa comportamental padrão, sempre fica alguma coisa pra fora, algo que não cabe na caixa idealizada.

"Não somos o ideário humano e pragmático de funcionamento que as representações sociais cobram "

Ufa! Que bom! Agora posso sair por aí distribuindo bordoadas, defendo com unhas e dentes meu ego, meu orgulho, minha vaidade, meu infalível ponto de vista, minha maneira pessoal e "especial" de ver e sentir o mundo. Claro que não é bem assim. Vivemos num mundo com outras pessoas que pensam e sentem diferente de nós, como diz o ditado "todos tem suas próprias razões". Você já parou pra pensar porque uns são budistas e outros evangélicos, uns são flamengo e outros, corinthianos, uns são engenheiros e outros, músicos?! Com quais discursos e circunstâncias sociais estas pessoas se encontraram para fazer suas escolhas identitárias, profissionais e existenciais?

A partir do respeito às diferenças de ser, sentir, escolher e pensar que cada um possui, fica mais fácil conter nosso trogloditismo emocional. Meditar e se pacificar interiormente também nos faz olhar além de nós mesmos, além de nossas cristalizadas certezas e formas de ver o mundo.

Num momento de forte emoção precisamos entender que a raiva ainda nos atinge e faz parte de nós. Precisamos saber qual a nossa responsabilidade na geração da raiva; precisamos olhá-la com atenção, descobrir suas raízes. Como diz o monge vietinamita Thich Nhat Hanh: “Quando estamos zangados, temos que nos voltar para nós mesmos e cuidar bem da nossa raiva. Não podemos dizer: Vá embora raiva, você tem que ir. Não quero você. Precisamos reconhecê-la, abraçá-la e sorrir”.

Quando conhecemos e adquirimos uma consciência maior das coisas que ainda nos atingem, fica mais fácil fazer a chuva das emoções escorrer num sentido mais suave e distinto. Deixando, assim, de aprofundar a vala do sofrimento pela qual a enxurrada estava acostumada a passar.

(*) PAULO WAGNER é Escritor, Jornalista e Mestre em Estudos de Linguagem pela UFMT e escreve para HiperNotícias aos sábados. E-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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