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Artigos Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018, 11:30 - A | A

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Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018, 11h:30 - A | A

Muito mais do que construir cadeias e aumentar efetivo

Aumentar efetivo policial ou presídios remendam, mas não estancam o problema

MARCO ANTONIO BARBOSA

Reprodução

Marco Antonio Barbosa

 

Os candidatos à presidência começaram a trazer suas propostas sobre segurança pública para a mesa em debates e programas eleitorais. Mesmo sendo um ponto de extrema relevância para o futuro do país e de interesse do eleitorado, o assunto é tratado mais uma vez de forma superficial e com propostas vazias. As principais são mais policiais nas ruas, mais cadeias e porte de arma. Nada de pensar em longo prazo, como deveria ser.

 

Focamos nas propostas de mais investimentos. O governo federal já aumentou em 6,9% os gastos em segurança pública, chegando a R$ 9,7 bilhões, em 2017, segundo dados do 12º Anuário de Segurança Pública, que reúne informações sobre segurança e violência em todo o Brasil. Fica bonito para dizer na campanha, mas se já foi feito, qual realmente foi o diferencial, se as estatísticas apontam para um recorde nos números de assassinatos no país?

 

Aumentar efetivo policial ou presídios remendam, mas não estancam o problema. O buraco é bem mais fundo. Agilizar a justiça, investir em infraestrutura e integrar as informações por todo o Brasil deveriam ser os principais pontos. Mas por que, então, apenas um ou até mesmo nenhum dos pontos está nas plataformas de governo dos nossos candidatos?

 

A resposta é simples: eles não trazem resultados em curto prazo e ainda implicam mudanças profundas nos complexos, arcaicos e aparelhados sistemas judiciário e policial.

 

Como mostra o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), a população carcerária do Brasil passou de 720 mil pessoas, com crescimento de mais de 180% entre 2006 e 2016. Os bandidos estão sendo presos. Entretanto, mais de 40% deste número aguarda julgamento. Nosso judiciário não dá conta da demanda. Enquanto isso, suspeitos aguardam em cadeias superlotadas, juntamente com criminosos já julgados, alguns deles de alta periculosidade ou envolvidos com o tráfico. O Estado mune o crime organizado com novos recrutas todos os dias. Aumentar cadeias sem um plano para mudar essa situação é como criar mais universidades para o crime.  Antes de focarmos em mais presídios, é necessária uma reforma no sistema prisional brasileiro.

 

Outro ponto muito importante é o investimento em educação, saúde, transporte, moradia, saneamento básico. Dar infraestrutura para que todos possam ter alternativas de crescimento pessoal e profissional. Isso influi, e muito, na segurança. O seu candidato tem propostas sobre isso? Ele faz a conexão da segurança com estes setores? É na falta de oportunidades e na lacuna deixada pelo Estado que o crime organizado aparece como opção.

 

A questão de integrar as informações e políticas vem sendo abordada nas campanhas, mas muitas vezes de forma superficial. É necessário integrar muito mais do que a inteligência para prender bandidos. O sistema judiciário, por exemplo, também precisa de integração. Isso ajuda a desburocratizar e agilizar os julgamentos.

 

Resumindo: tudo é um ciclo. A roda precisa girar para o lado certo para que as coisas comecem a mudar. Demanda tempo, muito mais do que dinheiro. Inaugurar presídios, dar novas viaturas e armas fica bonito para palanques e horários eleitorais, mas não resolvem o problema. É preciso mais do que marketing. O problema é grave e precisa ser tratado como tal.

 

Até o momento, o apresentado pelos candidatos, infelizmente, não passa de combater a fumaça e não o foco do incêndio. Ou aprofundamos o debate, ou passaremos mais quatro anos enterrando entes queridos assassinados.

 

*MARCO ANTONIO BARBOSA é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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